Abaixou segue um pequeno debate meu com um irmão pentecostal. O assunto em pauta é a origem do mal, a predestinação e soberania divna.
Irmão Samuel temos que estudar o assunto no contexto:
Em Isaías 45:7, Deus diz: "Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas." Aceitamos como verdade inegável esta afirmação de Deus. Agora, como devemos entendê-la?
Algumas pessoas têm usado este versículo para definir o caráter de Deus como um ser mal, até sugerindo que o Deus do Velho Testamento é malevolente e vingativo em contraste com Jesus, o bom e benevolente Deus do Novo Testamento. Tais conclusões contradizem as claras afirmações do Velho Testamento ("Bom e reto é o Senhor, por isso, aponta o caminho aos pecadores"-Salmo 25:8) e do Novo Testamento ("Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim"- João 14:10-11).
Creio que ninguém aqui tem dúvidas de que Deus é bom, isto é uma máxima insofismável. A doutrina a qual você se refere acima é a heresia de Marcion, e que deve ser combatida pois ainda hoje há segmentos que a defendem.
Outros usam o mesmo versículo (Isaías 45:7) para dizer que Deus é um ser "equilibrado" que é tanto bom como mau. Tal idéia é representada em símbolos de falsas religiões, como o "yin-yang". Mas, o Deus verdadeiro não é um conjunto de forças opostas. Ele é perfeitamente bom, e não contém nada de maldade. "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (1 João 1:5).
Nisto concordamos, Deus é plenamente bom e não há nele mal nenhum, antes a sua essência é completamente boa.
Ainda outros têm exagerado o conceito da soberania de Deus até o ponto de negar o livre arbítrio do homem. Segundo alguns sistemas de teologia, Deus decreta tudo, e o homem é impotente para resistir a vontade do Senhor. Pessoas com estas idéias afirmam que Deus predestinou cada pessoa para a salvação ou condenação, e que Jesus morreu somente para salvar as pessoas eleitas pelo capricho de Deus. Tais doutrinas são falsas. Deus chama todos ao arrependimento (Atos 17:30) porque ele não quer que ninguém pereça (2 Pedro 3:9). Jesus provou a morte por todo homem (Hebreus 2:9). Ele mandou que os apóstolos pregassem a toda criatura, e prometeu a salvação àqueles que cressem e fossem batizados (Marcos 16:15-16).
Agora aqui você literalmente escurece o desígnio de Deus. É impossível não notar as faíscas humanistas por trás de suas palavras. Aliás, todo arminiano é um humanista em síntese, porque ele não glorifica a Deus sem antes entronizar homem – O que pra mim é ridículo.
Veja o que você disse:
“Ainda outros têm exagerado o conceito da soberania de Deus até o ponto de negar o livre arbítrio do homem.”
Quem são esses outros aos quais você se refere?Vou lhe ajudar: Jan Huss, Lutero, Calvino, Pedro Valdo, Zuíglio, Farel, Herinch Bullinger, Jonh Knox, Jonath Edwards, Warfield, Charles Spurgeon e muitos outros. Todos estes homem que foram honrados por Deus em seu tempo “exageraram” como você bem disse e negaram o livre arbítrio. Ora mas estamos falando de praticamente todo o protestantismo histórico! Esses homens não tem credibilidade alguma na sua opinião? Será que é isso? Será que você está mais preocupado em sustentar uma doutrina condenada pelos grandes do protestantismo do passado, em detrimento de interpretações modernas e sem autoridade bíblica?Até onde estão suas origens protestantes irmão? Digo-lhe que o que você crê não é protestantismo amado, é catolicismo romano, e não preciso te lembrar que os reformadores foram iluminados por Deus para quebrar o jugo de Roma.
“Segundo alguns sistemas de teologia, Deus decreta tudo, e o homem é impotente para resistir a vontade do Senhor. Pessoas com estas idéias afirmam que Deus predestinou cada pessoa para a salvação ou condenação, e que Jesus morreu somente para salvar as pessoas eleitas pelo capricho de Deus.”
Veja o quanto você enaltece o homem. Em sua opinião o homem precisa ter o direito de resistir a Deus. Ora, que absurdo! O DEUS criador do universo ser rebaixado a tal nível, tendo que depender da vontade do homem. O homem é sim impotente, tão impotente que se Deus não se mover para salvá-lo , este perecerá eternamente. Seu conceito humanista é anti-bíblico e herético porque dignifica o homem é rebaixa a Deus, isto não é a correta interpretação bíblica. O evangelho exalta a Deus e humilha o homem colocando-o em total dependência dele.
Deus predestinou um povo a salvação! Isto é fato. Pessoas morreram por crer nessa verdade. Mas você sabia disso? Creio que não. Tão preocupado em defender a soberania do homem, que não atenta para a história, sem perceber que dela extraímos lições importantes para aplicarmos no presente.
Geralmente o argumento que usam é dizer que a divina eleição é caprichosa, que é feita de qualquer modo. O que você chama de capricho, Paulo chama de ‘beneplácito’ da vontade de Deus. Quer dizer que ele tem o direito de fazer o que bem quiser. Isso te ofende? Cuidado irmão, não queria contender com o seu criador.
“Tais doutrinas são falsas. Deus chama todos ao arrependimento (Atos 17:30) porque ele não quer que ninguém pereça (2 Pedro 3:9). Jesus provou a morte por todo homem (Hebreus 2:9). Ele mandou que os apóstolos pregassem a toda criatura, e prometeu a salvação àqueles que cressem e fossem batizados (Marcos 16:15-16).”
Na verdade irmão, o ensino do livre arbítrio é que é herético e falso, e foi condenado pela Igreja em 1618 no concílio de Dorotrech (uma assembléia protestante).Seria bom o irmão se informar mais sobre o assunto.
Sobre os textos que você citou, veja como os interpreta sem considerar o contexto:
“Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam” (Atos 17.30 .)
Você leu o contexto dessa fala? Será que você percebeu que quando Paulo disse isso ele estava pregando para os gregos em Atenas? Será que você se recorda que um pouco antes disso a igreja era estritamente judaica? E que os judeus achavam que somente eles poderiam receber a salvação?E que foi necessário Pedro ter uma visão onde Deus lhe revelava que a salvação não era exclusivamente para eles, mas também para os gentios?Será que não está claro no texto que Paulo já havia entendido isso e por esta razão está pregando pra gentios? “Todos os homens em todo lugar”. Quer dizer, qualquer pessoa, em qualquer nação; não exclusivamente o judeu, como antes eles pensavam , mas também os gentios.Ora mandar arrepender-se é uma ordem, e somente os eleitos se arrependem. Note que depois disso muitos escarneceram do que Paulo pregou (vs.32) ao passo que outros creram, confirmando o que Cristo disse em João: “ as minhas ovelhas ouvem a minha voz” (Jo 10.27), mas em relação aos que não crêem, diz: “mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas” (Jo 10.26). Logo só pode dar ouvidos ao evangelho quando pregado, quem for ovelha de Jesus, são exatamente estas que estão em todas as nações do mundo, e que a seu tempo ouvirão a voz do bom pastor e o seguirão.
“Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele longânimo para CONVOSCO, não querendo que nenhum pereça, senão que TODOS cheguem ao arrependimento” (2ª Pe 3.9)
Você percebeu que TODOS está relacionado a CONVOSCO?Sabe o que isso significa? Que os TODOS que Deus não deseja que se percam, mas que cheguem ao arrependimento são exatamente os seus eleitos, é para eles que Pedro está escrevendo. Ele está dizendo: Deus é longânimo para com vocês (a igreja especificamente), não querendo que nenhum de vocês (eleitos, povo de Deus) pereça, mas que todos vocês (eleitos, povo de Deus) cheguem ao arrependimento. E sabe porque esse é o real significado? Porque O próprio Jesus disse isso: “E esta é a vontade do Pai que me enviou: Que de todos AQUELES QUE ME DEU, (não todos os seres humanos da face da terra) eu não perca NENHUM, mas que eu o ressuscite no último dia” (Jo 6.39). Você percebe? Que a eleição ela se complementa em toda a Bíblia? O que Pedro Disse em 3.9, Jesus disse em João 6.39, e uma coisa confirma a outra, a escritura interpreta a própria escritura.
Sobre o texto de Hebreus vou citar um pouco mais além, pra você entender o contexto:
“Vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e honra, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.
Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e por meio de quem tudo existe, em trazendo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse pelos sofrimentos o autor da salvação deles.
Pois tanto o que santifica como os que são santificados, vêm todos de um só; por esta causa ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. E outra vez: Porei nele a minha confiança. E ainda: Eis-me aqui, e os filhos que Deus me deu. Portanto, visto como os filhos são participantes comuns de carne e sangue, também ele semelhantemente participou das mesmas coisas, para que pela morte derrotasse aquele que tinha o poder da morte, isto é, o Diabo; e livrasse todos aqueles que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão. Pois, na verdade, não presta auxílio aos anjos, mas sim à descendência de Abraão”(Hebreus 2.9-16).
Peço que preste muita atenção nas palavras destacadas, pois elas estão todas relacionadas nesse contexto. “Todos” precisa ser entendido de acordo com os resultados da morte de JESUS. Estes são os “muitos filhos” que ele conduz à glória e que são chamados de “irmãos”. São aqueles pelos quais ele provou a morte e foram feitos santos e perfeitos para sempre (10.10,14). “Todos” são exatamente aqueles que hão de perseverar até o fim, (3.6,14), são os legítimos filhos de Abraão e não Toda a Humanidade.
E sobre Marcos, é evidente que temos que pregar a toda a criatura, mas isso não significa que toda criatura será salva. Na verdade, a pregação é o meio pelo qual os eleitos são alcançados, é a forma de chamar as ovelhas. Por isso pregamos a toda criatura, porque não sabemos quem são e onde estão especificamente os eleitos e as ovelhas de Jesus, mas temos uma certeza, somente eles quando ouvirem crerão de fato e verdade.
E Isaías 45:7. O que Deus fez? Outras passagens nos ajudam. Deus não criou o mal no sentido moral. "Pois tu não és Deus que se agrade com a iniqüidade, e contigo não subsiste o mal" (Salmo 5:4-5). Deus não tenta ninguém, pois ele é a fonte de "toda boa dádiva e todo dom perfeito" (Tiago 1:13-17).
E em que sentido Deus criou o mal? Já que não foi no sentido moral, subentende-se que deva ter sido em outro sentido. Resta saber qual.
A palavra "mal" em Isaías 45:7 vem de uma palavra original que pode ter vários sentidos. Neste contexto e em outros onde Deus faz ou traz o mal, a palavra significa "calamidade" ou "punição". É o oposto de paz. Deus usaria Ciro para "abater as nações" (45:1). Em 45:8, Deus promete salvação (paz) e justiça (punição ou mal). Outros trechos usam a mesma linguagem. Os males que Deus ameaçou trazer em 2 Reis 22:16 foram punições e calamidades (veja Josué 23:15, onde aparece a mesma palavra no original).
Deus criou o mal? Sim, no sentido que um Deus justo e santo se afasta do pecador e o castiga por sua iniqüidade. Mas Deus jamais criou o pecado, e não tenta ninguém.
Wilson Plaza
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