Quando estamos à beira do desespero, olhando para o abismo de trevas,
experimentando uma noite sombria da alma, voltar-nos para a qualidade interior
de nossa fé não nos trará esperança, nem livramento, nem alívio.
Frequentemente, a nossa pregação (e o nosso aconselhamento) equivale a dar
instruções de natação a um homem que está se afogando: "Patinhe mais
forte, mexa as pernas mais rápido". Supomos que as pessoas têm o poder
interior de fazer as escolhas certas, por isso nós as levamos para dentro de si
mesmas. (Interessantemente, Martinho Lutero definiu o pecado como "a
humanidade voltada para dentro de si mesma"). No entanto, como muitas
pessoas já sabem, toda resposta interior fracassará dentro delas mesmas.
Voltar-nos para o objeto exterior de nossa fé, ou seja, Cristo, e sua obra
consumada em nosso favor é o único lugar onde achamos paz, orientação e ajuda.
Em vez de direcionar-nos para algo dentro de nós, o evangelho sempre nos
direciona a algo, a Alguém, fora de nós, onde achamos a segurança que tanto
desejamos em tempos de dúvida e desespero. A segurança que anelamos quando tudo
parece destroçar-se não virá em descobrirmos o consagrado "herói
interior", mas somente em compreendermos que, não
importando como nos sentimos ou o que estamos sofrendo, já fomos descobertos
pelo "Herói exterior".
Como Sinclair Ferguson escreveu em seu
livro The Christian Life (A Vida Cristã): "A verdadeira fé obtém seu
caráter e sua qualidade do seu objeto e não de si mesma. A fé tira uma pessoa
de si mesma e a leva a Cristo. Sua força, portanto, depende do caráter de
Cristo. Até aqueles de nós que têm fé fraca possuem o mesmo Cristo poderoso que
os outros crentes possuem!"
Em Romanos 5.1 diz: "Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo". Esta é uma paz genuína, edificada sobre uma mudança real em nossa
posição diante de Deus – da posição de culpados diante de Deus, o juiz, para a
posição de justos diante de Deus, nosso Pai. Esta é a segurança objetiva até do
mais fraco dos crentes. É uma paz que descansa totalmente no fato de que já
"fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho" (v. 10);
fomos justificados diante de Deus, de uma vez por todas, por meio da fé na obra
consumada de Cristo. Esta paz produzirá sentimentos verdadeiros e ação
resoluta. No entanto, esta paz com Deus, que Paulo descreve, repousa
seguramente na obra de Cristo por nós, fora de nós. A verdade é esta: quanto
mais eu olho para meu próprio coração em busca de paz, tanto menos a encontro.
Por outro lado, quanto mais eu olho para Cristo e suas promessas em busca de
paz, tanto mais a encontro.
Então, quando pressionados por todos os
lados, olhemos para cima. Na administração de Deus, a única saída é sempre para
cima, e não para dentro.
WILSON.
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