sexta-feira, 11 de março de 2016

O TRIUNFO DE CRISTO.



2CO. 2. 14 – 17


Verso 14. Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo (parte A).

Para entendermos a primeira parte deste versículo, temos que entender o que Paulo quer dizer quando usou essa palavra “triunfo”.

O Triunfo era a honra mais alta que se podia dar a um general romano vitorioso na batalha. Somente o imperador Romano poderia premiar um general com esta glória. Então o triunfo era o seguinte: A carreata do general vitorioso ia através das ruas de Roma em direção do Capitólio. Levavam se os despojos obtidos na terra conquistada e os cativos derrotados. Atrás iam os músicos com suas liras e os sacerdotes balançando seus incensários nos quais se queimava o doce perfume. Logo ia o general em pessoa, de pé num carro puxado por cavalos. Atrás dele ia o exército carregando todas suas condecorações. Deste evento temos hoje os famosos “arcos do triunfo”.

Então é por meio desta figura do Triunfo que o apostolo Paulo faz referencia aqui.

O verso 14 prossegue... Dizendo: e,  por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento.

O conhecimento que Paulo se refere aqui é o conhecimento de Cristo. O conhecimento de Cristo é comparado por Paulo pela figura de uma fragrância que se manifestou. A fragrância tem conotação suave e gentil, a fragrância não tem nada de poderoso ou grandioso. Entretanto, tem um cheiro que penetra incontrolavelmente em todos os lugares. Espalha-se para longe, e ninguém pode cerceá-lo. Uma fragrância não precisa de provas, de argumentos, simplesmente se impõe. Assim meus irmãos é o conhecimento de Cristo em todos os lugares que Paulo passa. Paulo manifestava o conhecimento de Cristo aonde ele ia.

Mas uma coisa precisa ficar muito claro aqui: Há uma diferenciação do “objeto” que manifesta o conhecimento de Cristo e o conhecimento de si. No Triunfo Romano, tanto os que saíram vencedores da Batalha, quanto os que foram levados cativos, os dois grupos manifestavam para o imperador e diante da cidade um fato. Uma realidade. Um conhecimento. O conhecimento a todos os homens de que aquele comandante venceu todos os obstáculos necessários para alcançar a vitória. Aquele comandante era suficiente. Então “objeto” de manifestação. O ser humano é este que transmite uma mensagem. Independente do resultado desta mensagem o ser humano será a manifestação concreta, viva, do que esta mensagem pode gerar.

E a mensagem manifesta é a informação que o ser humano transmite após ser exposto ao evangelho. Vamos perceber que tanto nos que são salvos quanto nos que estão se perdendo a mensagem é a mesma. Portanto, qual o conhecimento de Cristo manifesto? É o conhecimento de que na cruz tudo foi consumado. A justiça foi satisfeita. Não há condenação para quem está em Cristo. Conhecimento este propagado pela pregação do qual Paulo chama de Palavra de Deus o Evangelho. Meus irmãos na cruz, Cristo reconcilia-se com sua criatura é este o conhecimento de Cristo do qual Paulo fala no verso 14. O teólogo e pastor Franklin Ferreira diz que a pregação da Palavra é o único meio ordenado por Deus de chamar eficazmente pecadores para a salvação. Calvino dizia que A pregação da Palavra é o meio pelo qual se quebranta o homem para a gloria da graça de Cristo e o endurece para a glória da sua justiça. Isto é a verdade manifesta, isto é o evangelho.

Verso 15. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem.

Vida ou morte! E eu pergunto: Somos nós que causamos estas duas ações? Não! É o conteúdo do evangelho que causa. Nós somos somente a manifestação deste conteúdo que Paulo chama de conhecimento. Ou seja, o texto aponta que os dois resultados, “os que estão sendo salvos e os que estão se perdendo”, são agradáveis a Deus. Isto porque é o resultado da manifestação do bom perfume de Cristo. Tanto os receptores da graça, quanto os receptores da justiça agradam a Deus. Calvino comentando este verso diz: “Ambas as fragrância são agradáveis a Deus por meio das quais os eleitos são criados para a salvação e por meio das quais os réprobos são atormentados”. “Deus é glorificado quando o evangelho causa ruina dos réprobos”. O que é ofensivo nas narinas do mundo é deleitável perfume nas narinas de Deus. Calvino termina explicando este verso dizendo: Ele (Cristo) é a pedra fundamental no entanto para muitos Ele é a pedra de tropeço.
Nossos irmãos arminianos possuem uma forma particular de interpretação desta passagem. Eles dirão que esta questão de vida ou morte causada pela exposição do evangelho se dará no exercício do livre arbítrio. Assim, se o indivíduo decide que a palavra pregada é algo condenável ele sentencia-se a perdição eterna.

Mas vamos analisar porque esta interpretação arminiana não é cabível.

Em primeiro lugar, a fonte deste “aroma” é única. Não duas fontes diferentes, mas uma fonte que é pulverizada em dois receptores diferentes.
Em segundo lugar o resultado gerado nestes receptores (vida e morte) não é condicionado a nenhum tipo de “opção” dos mesmos, ou seja, a separação destes receptores se dá por um processo anterior do qual chamamos Predestinação. Segundo o Teólogo Berkhof ,“a predestinação divide-se em duas partes, a saber, eleição e reprovação”.
Em terceiro lugar, o texto não diz que este aroma chega ao individuo e o indivíduo desencadeia o resultado de vida ou morte. Não. Já chega como vida ou já chega como morte. O indivíduo apenas percebe este aroma e ali é confirmado o que foi decidido antes da fundação do mundo.

A analise do texto é clara quanto a isto. O verso 15 diz: “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem

O verbo “perder” está na voz Médio-passiva. O apóstolo Paulo está dizendo que existe um grupo de pessoas que se encontram num processo concluído de perdição e morte. E isto por uma ação passiva de sua parte. A morte já faz parte de sua existência. Este grupo é responsável em trazer a si esta morte e viver nesta “esfera”. Então, ele é o responsável moral pelo que faz. Entretanto não tem poder ou força alguma para viver fora desta “esfera” de morte. Logo, não há livre arbítrio.
Enquanto isto, “...nos que são salvos...” encontra-se no Particípio presente passivo. Ou seja, sofrem a ação de forma completamente passiva. Não escolheram ser salvos. Não optaram pelo evangelho. São salvos pela graça mediante a fé que é dom de Deus. Para os Eleitos, o que lhes chega é uma fonte de vida e fé. Paulo não está dizendo que os eleitos já estavam salvos. Paulo está dizendo, no verso 15 e 16, que por uma ação do Espírito Santo o indivíduo é levado – conduzido à salvação quando lhe chega a suas “narinas”, mente e coração, uma fonte de vida, o conhecimento de Cristo. Fonte esta que confirma a sua eleição.

Verso 16 Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas?

Neste verso temos duas preposições gregas “PARA” E “DE” essas preposições denotam o movimento de uma fonte original, para dentro de algo, para um resultado especifico. Ou seja, Paulo está afirmando aqui, que para alguns para aqueles que rejeitam o evangelho o evangelho tem cheiro de morte. Para outros que abraçam o evangelho para aqueles que creem no evangelho o evangelho tem cheiro, aroma de vida. Mas Paulo ainda no verso 16 nos lança uma pergunta “Quem, porém, é suficiente para estas coisas?”  Com essa pergunta o apóstolo Paulo quer destacar que, apesar dos dois grupos manifestarem a obra consumada da cruz, apenas  um grupo, o que recebeu vida, será suficiente para continuar propagando esta mensagem. Primeiro grupo está em Cristo o segundo grupo está morto então não pode propagar a mensagem do evangelho.

Verso 17 Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.

A primeira coisa que temos que pergunta ao verso 17 é (Porque nós) Nós quem? Paulo aqui está se referindo para o grupo que recebeu o conhecimento, recebeu a palavra o grupo que é aroma de vida. Nós que somos testemunhas vivas dos efeitos do evangelho, nós que fomos regenerados, nós que estávamos mortos, mas fomos ressuscitados junto com Cristo. É para este grupo que Paulo se refere quando diz Porque nós... Você quer saber se você faz parte deste grupo? O teste é simples. A evidência da regeneração não é que uma vez você tomou uma decisão ou fez uma oração pedindo para Cristo entrar no seu coração. O que evidencia que você foi de fato regenerado é uma vida que foi transformado e continua sendo. A evidência da regeneração não é o fato que um dia em sua vida você se arrependeu de seus pecados. A evidência da regeneração é o fato de que você se arrepende até hoje e continua se arrependendo.

Paulo continua ainda no verso 17 dizendo “como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus” O Termo “mercadejando” era o termo utilizado para negócios ilícitos. Já na época de Paulo este falsos mestres e pregadores eram uma realidade na vida da igreja. No entanto, Paulo afirma que estes que são o aroma do conhecimento de Cristo, as testemunhas da salvação, não mercadejam a palavra. Pelo contrário falam na presença de Deus, com sinceridade. Desta forma temos a dimensão real da força que Paulo quis colocar na finalização do seu argumento. A palavra usada para sinceridade é a mesma palavra usada para avaliação de objetos ou documentos com o auxilio da mais poderosa luz existente. Logo o apostolo Paulo está afirmando que só é possível aos eleitos manifestarem com seu testemunho este efeito de gerar vida e morte, porque estes foram: Provados e aprovados sob avaliação da mais terrível luz. E com isso são capazes de falar da parte do próprio Deus.

Para terminar e concluir.

Quais são as aplicações deste texto para nós?

1° O resultado desta mensagem está nas mãos do Senhor. Porque o Senhor no seu decreto elegeu e predestinou o resultado da mensagem.

2° A preocupação daquele que prega é ser fiel a Palavra de Deus.

3° É diante de Deus que estamos dando testemunhos.

Conclusão:

Neste mundo caído, onde a humanidade perdeu seus referenciais, o Cristianismo continua mantendo e afirmando. Não existe o acaso. Há um Deus único e soberano que tudo governa. Que mandou o seu melhor para este mundo que é Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou. Deste ato vitorioso Ele leva cativo os seus eleitos para o seu reino de amor coloca-lhes em sua boca a mensagem triunfante que é o evangelho! Este evangelho que te resgatou do inferno e que está firmado em seu coração é a mensagem que o Senhor quer que você fale.

Que Deus nos abençoe.

REV. WILSON PLAZA.

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