Você sabia que Calvino teria falado em línguas?
A propósito da conferência cessacionista de John MacArthur
Semana passada, o pastor reformado John MacArthur realizou uma conferência em sua igreja Comunidade da Graça, de Sun Valley, nos Estados Unidos, intitulada “Fogo Estranho” (“Strange Fire”). O foco do evento foi atacar, como um todo, colocando juntos no mesmo saco, os movimentos carismático e pentecostal como um mal para a igreja no mundo, e pregar o cessacionismo, isto é, a crença de que os dons espirituais cessaram, tendo se restringido apenas aos dias apostólicos. O detalhe é que MacArthur convidou pentecostais a virem assistir ao evento para saírem de lá cessacionistas. Mais de 3 mil pessoas participaram, mas parece que o número de pentecostais que aceitou ao tal convite foi muito pequeno. E, pelo menos até agora, não há notícias de algum que tenha eventualmente saído de lá cessacionista.
Um dos pastores reformados dos EUA que defendem a contemporaneidade dos dons espirituais, o pastor Mark Driscoll, tentou distribuir do lado de fora da igreja de MacArthur, aos interessados, exemplares de um de seus livros que trata sobre o assunto. Segundo Driscoll, ele o fez “para enriquecer o debate sobre o tema”, mas seu livro foi impedido de ser distribuído nas proximidades da igreja de MacArthur.
Bem, se MacArthur queria provocar barulho para chamar a atenção das pessoas para o seu novo livro, lançado durante a conferência, e que fala sobre o mesmo assunto e tem o mesmo título (“Strange Fire”), ele parece que conseguiu. A imprensa evangélica nos EUA noticiou bastante o desafio de MacArthur e a reação evangélica nacional a ele. Ele sofreu várias críticas, as quais tentou rebater ontem, em entrevista ao jornal norte-americano The Christian Post. Pretendo postar nesta semana ainda um artigo em cima de suas respostas.
Hoje, porém, gostaria de, na esteira desse assunto, contar uma história bastante interessante. Soube dela há uns três anos, através de um blog norte-americano reformado pentecostal, mas, talvez por falta de oportunidade propícia, nunca contei ela em artigos por aqui. O senhor MacArthur acabou me lembrando dessa história.
Há 38 anos, mais precisamente na sua edição de 24 de março de 1975, o jornal The Paper, uma publicação do Seminário Teológico Gordon-Conwell, nos EUA, trouxe um artigo, na sua página 6, intitulado “Calvin Speaks Unknown Tongue” (“Calvino Fala Língua Desconhecida”), de autoria de Quent Warford.
No referido artigo, Warford começa falando sobre as muitas perguntas que estavam sendo feitas naqueles dias depois da revelação, vinda do Episcopal Divinity School, de que ninguém menos que Teodoro Beza, em um trecho do original em latim de sua conhecida biografia de Calvino, afirma que este teria falado em línguas enquanto orava. Para quem não sabe, Beza foi contemporâneo e amigo dos mais próximos de Calvino – na verdade, um confidente deste. A biografia escrita por seu amigo e confidente Teodoro Beza é intitulada ‘De Vitam Iohannes Cauvin’ (“A Vida de João Calvino”).
Diante da revelação, Warford confessava que “pessoalmente” achava “ridícula” qualquer ideia de que Calvino havia “experimentado a glossolalia” e que, “portanto, a única coisa lógica a fazer era seguir o conselho do meu querido professor de História da Igreja e ir à fonte primária”.
Warford conta que, no começo, teve certa dificuldade de chegar até à obra, porque o volume que supostamente continha as informações de expressões de êxtase de Calvino estava “no Cofre da Sala de Livros Raros da Biblioteca da Episcopal Divinity School” e “entrar no Cofre envolve uma grande dose de burocracia”. Mas, depois de uma ajuda, conseguiu chegar à obra.
Diz Warford que Beza contava que Calvino, em suas orações, falou uma língua desconhecida. E por ser um “linguista habilidoso”, Calvino procurou definir que língua era aquela que falara. “Incapaz de rastreá-la, ele confidenciou a Beza que, embora a linguagem tivesse uma característica hebraica, ele ainda temia que tivesse falado uma 'lingua barbaroum' ["língua bárbara"], ou seja, ele temia ter falado em uma língua maldita, como a que era falada pelos cananeus”.
Warford termina informando que seu colega Ken Macari o ajudou na tradução do latim e que o fato foi narrado por Beza sem muito destaque, “apenas algumas frases em ‘De Vitam Iohannes Cauvin’”. E acrescenta, tentando suavizar a importância do registro: “A preocupação de Calvino era apenas uma questão de linguística. Portanto, não há fonte primária com material suficiente para construir um caso de uma maneira ou de outra”.
Bem, vejamos: Calvino, em suas orações devocionais, falou, estranha e espontaneamente, em uma língua desconhecida por ele, o que o deixou impressionado. Como temia que tivesse falado em uma língua parecida com a de um povo pagão do passado, temeu não ser uma experiência sadia. Em seguida, comentou com seu amigo e confidente Beza, e depois deixou para lá o caso.
Bem, o que vocês acham, queridos leitores? Parece que o grande reformador João Calvino teve uma experiência pentecostal e se afastou dela por medo. Infelizmente. Que pena, Calvino!
Um dos pastores reformados dos EUA que defendem a contemporaneidade dos dons espirituais, o pastor Mark Driscoll, tentou distribuir do lado de fora da igreja de MacArthur, aos interessados, exemplares de um de seus livros que trata sobre o assunto. Segundo Driscoll, ele o fez “para enriquecer o debate sobre o tema”, mas seu livro foi impedido de ser distribuído nas proximidades da igreja de MacArthur.
Bem, se MacArthur queria provocar barulho para chamar a atenção das pessoas para o seu novo livro, lançado durante a conferência, e que fala sobre o mesmo assunto e tem o mesmo título (“Strange Fire”), ele parece que conseguiu. A imprensa evangélica nos EUA noticiou bastante o desafio de MacArthur e a reação evangélica nacional a ele. Ele sofreu várias críticas, as quais tentou rebater ontem, em entrevista ao jornal norte-americano The Christian Post. Pretendo postar nesta semana ainda um artigo em cima de suas respostas.
Hoje, porém, gostaria de, na esteira desse assunto, contar uma história bastante interessante. Soube dela há uns três anos, através de um blog norte-americano reformado pentecostal, mas, talvez por falta de oportunidade propícia, nunca contei ela em artigos por aqui. O senhor MacArthur acabou me lembrando dessa história.
Há 38 anos, mais precisamente na sua edição de 24 de março de 1975, o jornal The Paper, uma publicação do Seminário Teológico Gordon-Conwell, nos EUA, trouxe um artigo, na sua página 6, intitulado “Calvin Speaks Unknown Tongue” (“Calvino Fala Língua Desconhecida”), de autoria de Quent Warford.
No referido artigo, Warford começa falando sobre as muitas perguntas que estavam sendo feitas naqueles dias depois da revelação, vinda do Episcopal Divinity School, de que ninguém menos que Teodoro Beza, em um trecho do original em latim de sua conhecida biografia de Calvino, afirma que este teria falado em línguas enquanto orava. Para quem não sabe, Beza foi contemporâneo e amigo dos mais próximos de Calvino – na verdade, um confidente deste. A biografia escrita por seu amigo e confidente Teodoro Beza é intitulada ‘De Vitam Iohannes Cauvin’ (“A Vida de João Calvino”).
Diante da revelação, Warford confessava que “pessoalmente” achava “ridícula” qualquer ideia de que Calvino havia “experimentado a glossolalia” e que, “portanto, a única coisa lógica a fazer era seguir o conselho do meu querido professor de História da Igreja e ir à fonte primária”.
Warford conta que, no começo, teve certa dificuldade de chegar até à obra, porque o volume que supostamente continha as informações de expressões de êxtase de Calvino estava “no Cofre da Sala de Livros Raros da Biblioteca da Episcopal Divinity School” e “entrar no Cofre envolve uma grande dose de burocracia”. Mas, depois de uma ajuda, conseguiu chegar à obra.
Diz Warford que Beza contava que Calvino, em suas orações, falou uma língua desconhecida. E por ser um “linguista habilidoso”, Calvino procurou definir que língua era aquela que falara. “Incapaz de rastreá-la, ele confidenciou a Beza que, embora a linguagem tivesse uma característica hebraica, ele ainda temia que tivesse falado uma 'lingua barbaroum' ["língua bárbara"], ou seja, ele temia ter falado em uma língua maldita, como a que era falada pelos cananeus”.
Warford termina informando que seu colega Ken Macari o ajudou na tradução do latim e que o fato foi narrado por Beza sem muito destaque, “apenas algumas frases em ‘De Vitam Iohannes Cauvin’”. E acrescenta, tentando suavizar a importância do registro: “A preocupação de Calvino era apenas uma questão de linguística. Portanto, não há fonte primária com material suficiente para construir um caso de uma maneira ou de outra”.
Bem, vejamos: Calvino, em suas orações devocionais, falou, estranha e espontaneamente, em uma língua desconhecida por ele, o que o deixou impressionado. Como temia que tivesse falado em uma língua parecida com a de um povo pagão do passado, temeu não ser uma experiência sadia. Em seguida, comentou com seu amigo e confidente Beza, e depois deixou para lá o caso.
Bem, o que vocês acham, queridos leitores? Parece que o grande reformador João Calvino teve uma experiência pentecostal e se afastou dela por medo. Infelizmente. Que pena, Calvino!
FONTE: CPAD. POR SILAS DANIEL.
AGORA VAMOS VER UMA OUTRA FONTE QUE FALA SOBRE ISSO.
É importante salientar que tenha Calvino falado em línguas ou não isso em nada valida a prática pentecostal de fazê-lo. Esse tipo de falácia argumentativa é bastante conhecida e é chamada de apelo para autoridade. Tenta-se validar a veracidade de um fato ou pensamento através de alguém que a fez o que a abraçou. Portanto, tenha Calvino falado em línguas ou não, isso não valida ou invalida a prática. A matéria precisa ser lidada de maneira bíblica através de exegese.
Mas esse não é o foco do texto. O que o Pr. Silas tenta fazer é demonstrar que há a possibilidade histórica de que Calvino tenha em um momento de sua vida e ministério experimentado a prática da glossália. Tendo isso em vista seguem os meus comentários.
1. Vamos às fontes!
Para substanciar sua hipóstese o autor recorre a um suposto artigo publicado por um seminário americano. Eis o que afirma o pastor:
"Há 38 anos, mais precisamente na sua edição de 24 de março de 1975, o jornal The Paper, uma publicação do Seminário Teológico Gordon-Conwell, nos EUA, trouxe um artigo, na sua página 6, intitulado “Calvin Speaks Unknown Tongue” (“Calvino Fala Língua Desconhecida”), de autoria de Quent Warford."
Fazendo uma rápida pesquisa na internet deparei-me com um texto escrito por Jim Darlack, que é ex-aluno da instituição e trabalhava, pelo menos até Setembro de 2009 como bibliotecário no seminário. o Sr. Darlack explica que esse "jornal" era apenas um periódico estudantil. Não é um jornal acadêmico revisado por teólogos. Seria o equivalente ao boletim de notícias do diretório acadêmico de uma universidade. Em outras palavras, é uma fonte de informação sem crédito algum. Um colega do Sr. Darlack, que ensinava Hebraico no seminário, não tinha a menor idéia da existência desse texto e afirmou até que poderia se tratar de uma "pegadinha".
É nesse texto que o pastor e jornalista Silas baseia sua afirmação.
Você pode conferir o texto o Sr. Darlack aqui.
2. Vamos à fonte da fonte!
No seu minúsculo texto, Quent Warford fala de uma citação que ele encontrou na biografia de Calvino escrita por Beza na qual o Reformador teria revelado ao seu amigo que ele havia experimentado falar uma língua desconhecida durante suas devocionais. Você confere o texto do Sr. Warford aqui.
Temos já aqui dois grande problemas. Primeiro, o Sr. Warford não nos dá mais nenhuma informação sobre a fonte que consultou. Tirando o nome da obra, ele não cita ano de publicação, quem a publicou, nem muito menos a página onde se encontra o relato. Não há referência alguma para que se possa confirmar se tal afirmação é verdadeira!
Warford afirma que foi muito difícil chegar até tal documento, tendo ele que acessar uma sala chamada de "o cofre" onde ficavam livros raros. Não seria lógico que tal descorberta, sendo verdadeira, seria preservada? Não teria o aluno levado seu achado aos seus professores de história da igreja para que ficasse registrado e fosse divulgada a sua grande descorbeta? Não taria aparecido depois em jornais acadêmicos de verdade como o Calvin Theological Journal, ou o Church History, tal informação? Pois é! Mas nada disso aconteceu. Nem Warford cita sua fonte de maneira que ela possa ser confirmada nem nenhum historiador de respeito jamais mencionou tal relato.
O segundo problema é que Warford simplesmente ignora as traduções existentes do texto que ele afirma ter consultado. Diz ele que essa informação foi encontrada na biografia de Calvino escrita originalmente em Latin por Beza e que um amigo, também aluno, teria ajudado na tradução. O problema é que o texto, escrito em 1975, ignora traduções do mesmo texto para a língua inglesa feita por homens gabaritados e que já estavam disponíveis desde 1836. Essa tradução foi feita por Francis Sibson e está disponível gratuitamente no Google Books. Você pode consultá-la aqui. A outra foi feita por Henry Beveridge que também traduziu As Institutas do mesmo autor. Ao invés de comprar sua tradução com as já disponíveis, o autor simplesmente finge que elas não existem.
Pior, quando analisadas as traduções disponíveis nada é encontrado sobre esse episódio. Como a tradução de Sibson está escaneada no Google Books, faça você mesmo essa experiência. Busque por palavras tipo "tongues", "language", "barbarian", "pagan", ou "cursed". Você nada encontrará no que diz respeito a essa tal experiência que Calvino teve.
Entretanto, é essa a única fonte que o pastor e jornalista Silas utiliza para dar suporte a sua matéria.
3. Calvino falando em línguas? Fala sério!
Considerando essas evidências será que dá para acreditar no artigo do Pr. Silas? Será que de fato existe suporte histórico para tal afirmação? Acreditar, com base nessas fontes, que Calvino falou em línguas é o mesmo que acreditar que Michael Jackson descobriu o Brasil!
O que o Pr. Silas Daniel poderia fazer para tornar seu artigo, de fato, confiável? Seguem aqui algumas sugestões:
- Encontar no original escrito por Beza, em Latin, o mesmo texto que o Sr. Warford afirma ter encontrado. Talvez vocês esteja pensando: "mas essa é uma tarefa muito difícil, que tem acesso a tal livro?" Por incrível que pareça não é difícil não, basta consultar uma base de dados chamda EEBO (Early English Books Online) que lá tem todo o tipo de literatura, tanto em Latin como em outras línguas, dos mais diversos autores, para serem consultadas. Basta ir lá e procurar.
- Encontrar um estudioso de Calvino que corrobore com essa afirmação. Homens como Richard Muller, Bruce Gordon, Herman Seldernhius, ou Paul Helm são acadêmicos reconhecidos e renomados, todos eles escreveram bastante sobre Calvino, têm acesso às fontes primárias e certamente, sendo tal afirmação verdadeira, poderão confirmar sua veracidade.
- Encontrar o Sr. Quent Warford, certamente ainda vivo, e arguí-lo sobre a veracidade do seu texto. Foi mesmo sério ou foi uma pegadinha? Se foi sério, onde está a evidência histórica?
Isso é o mínimo que eu espero do Pr. Silas Daniel, como jornalista e como servo do Deus vivo que ama a verdade e odeia a mentira. Seria isso o que eu faria como pastor e teólogo se eu quisesse ser levado a sério.
É triste perceber que o Pr. Silas começa com uma hipótese e termina com uma certeza. Na conclusão do seu texto ele escreve de forma enfática, tirando lições para seus leitores:
"Bem, vejamos: Calvino, em suas orações devocionais, falou, estranha e espontaneamente, em uma língua desconhecida por ele, o que o deixou impressionado. Como temia que tivesse falado em uma língua parecida com a de um povo pagão do passado, temeu não ser uma experiência sadia. Em seguida, comentou com seu amigo e confidente Beza, e depois deixou para lá o caso."
O que se tornou certeza para o Pr. Silas, em nenhum momento deixou de ser mera possibilidade para a sua própria fonte como é claramente expresso pelo Sr. Warford:
"Esse assunto foi apenas um detalhe para Beza, que dedica a ele apenas poucas sentenças em De Vitam Iohannes Cauvin. A preocupação de Calvino era apenas uma matéria de linguística. Portanto, não existe material primário suficiente para construir um caso de uma maneira ou de outra."
Fica aqui a lição para todos nós: se for usar exemplos da história da Igreja esteja pronto para fornecer sempre as fontes primárias ou, então, caia no descrédito.
QUERIDOS IRMÃOS E VISITANTE DESTE DESTE BLOG.
TODAS AS VEZES QUE A BÍBLIA VAI TRATAR SOBRE O DOM DE LINGUAIS O FALAR EM LINGUAIS..
A BÍBLIA SEMPRE VAI APONTAR PARA ESTE DOM QUE É UM DOM DADO POR DEUS...E QUE DOM É ESSE? ESTE DOM É A CAPACIDADE QUE DEUS DEU PALA ALGUNS QUE É O FALAR EM OUTRO IDIOMA. QUE É A CAPACIDADE DE FALAR EM OUTRO IDIOMA SEM NUNCA TER ESTUDADO OU APRENDIDO.
ISSO É O FALAR EM LINGUAL. IDIOMA!!
ESTE DOM O DE LINGUAIS A EVIDENCIA BÍBLICA NOS MOSTRA QUE ESTE DOM CESSOU NO ANO 60 d.C. PORQUE A PARTIR DESTA DATA NÃO VEMOS MAIS ESTE DOM SENDO COLOCADO EM PRATICA.
ENTÃO ESTE DOM VAI A PARECER EM ATOS EM TODA CARTA DE ATOS, EM 1Co. e no evangelho de Marcos 16.
Todas essas cartas escritas antes do ano 70. Não existe mais nenhuma referência deste dom em outras cartas escritas depois do Ano 70. Nem mesmo em Apocalipse nada se fala deste dom o falar em linguais. (IDIOMA)
WILSON
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