Para falar disso, sempre é necessário dizer que tipo de interpretação adotamos. Em linhas gerais eu me identificaria muito com a escola idealista1 por causa da aplicabilidade do texto bíblico para a edificação prática da fé, que estimula a confiança em Deus hoje, em qualquer situação, dando a garantia que Ele sempre está no controle de todas as coisas, até mesmo em situações de perseguições e escassez.
O Paralelismo Progressivo de William Hendriksen2, apresenta uma boa direção para a escola idealista, ainda que estritamente falando, não vejo 7 blocos no Apocalipse como ele defende. Ainda assim, Hendriksen influenciou muito os Reformados em ver o Apocalipse como ele é de fato.
O Amilenismo também ganhou força esmagadora entre os Presbiterianos Brasileiros, por meio da sistemática L. Berkof, livro texto de teologia da maioria dos seminários presbiterianos e institutos. Tendo em vista que ele segue uma linha Amilenista e até recomenda W. Hendriksen, o resultado não foi outro.
O Milênio: Creio que os acontecimentos de Apocalipse 19.11 ao 20.15, são sequenciais. Esse é o Último Dia, predito por Jesus. Oúltimo dia não é um dia de 24 horas, e se lembrarmos da tribulação final, do arrebatamento, confronto de Cristo com os ímpios, ressurreição e juízo, pensar em um curto período é complicado demais, não por causa de Deus, é claro, mas por causa dos seres limitados, envolvidos, nós.
É só comparar Mateus 25.31 a 46 com esse trecho do Apocalipse -19.11-20.15, e você não terá dúvidas disso. Nesse “dia” terá a ressurreição dos justos e dos ímpios. Os cristãos ressuscitarão primeiro, claro, mas no mesmo “dia”, por isso em Apocalipse 20 diz a “primeira ressurreição”. Até hoje só encontrei uma referência a respeito de um autor, Robert Wall, que entende que Apocalipse 19.11 – 20.15 é um único evento3.
O maior problema para os Amilenistas e Pós-milenistas4, é definirem o que querem dizer com ressurreição. Uns dizem que é o estado intermediário- posição de Calvino, Hoekema e Hendriksen, etc - que pelo que percebemos jamais na Bíblia é chamado de ‘ressurreição’. Outros – Agostinho, Schwertley, etc - dizem que é aregeneração, o que discordo também, já que é um contra senso ao fluxo do texto, visto que eles morrem por serem Cristãos, isto é, regenerados, para então serem ressuscitados, nesse caso, ‘regenerados de novo’?
A Bíblia diz que os santos reinarão com Cristo, esse reinado recebe sua informação em Apocalipse 20. Afirma que esse período durará “mil anos”, que pelo que sabemos no simbolismo dos números do Apocalipse, é um tempo marcado, mas longo. Ou seja, creio que o milênio é a parte que cabe aos santos NESSE ÚLTIMO DIA, sem mais detalhes, nada é dado além do que temos - os santos reinarão e julgarão com Cristo.
Algumas coisas que os pré-milenistas dizem em relação ao milênio, a respeito da terra, creio como crê Hoekema, são promessas para a Nova Terra, e não para o Milênio: “Haverá um cumprimento futuro dessas profecias, não no milênio, mas sim na nova terra” (A Bíblia e o Futuro, p. 325).
Portanto, o milênio é uma expressão que enfoca a faceta no último dia que cabe aos santos, ao julgarem e reinarem com Cristo.
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1. As Interpreções do Apocalipse. Editora Vida.
2. Mais que Vencedores. Editora Cultura Cristã.
3. O Milênio – 3 pontos de vista, p. 188.
4. Os Amilenistas são na verdade Pós-Milenistas pessimistas, pois tanto os Pós como os Amilenistas, creem que Cristo virá depois do Milênio. Acontece que com as guerras mundiais o Pós sofreu decréscimo considerável, desde seu último baluarte Charles Hodge. Portanto, B. Warfield [?], Berkof e Hendriksem introduziram, pelo que parece, o pessimismo – de que o milênio não será uma era de expansão e domínio da Igreja e de benção de Deus aos habitantes da Terra. Se o pós-milenarismo da atualidade acoplasse ao seu sistema uma ideia mais de evangelização e não de reconstrucionismo teonomista, acho que essa posição seria melhor e mais bíblica do que o Amilenismo.
Ótimo artigo. Do blog. Ministério Apologético.
WILSON PLAZA.
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