A questão da sustentabilidade não é nova, pois, desde o princípio, Deus tudo criou e abençoou, dando ao homem, criado à sua imagem e semelhança, domínio sobre tudo o que criara, mas um domínio exercido com coração e mente, ou seja, com vontade e entendimento ensinados e devidamente governados por sua Palavra: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” – Gênesis 1.27-28. Deus falava de sustentabilidade. E tudo isso se deu em um tempo “pré-lapsário”, ou seja, numa condição humana antes da Queda.
Após a Queda, tudo mudou, o que inclui não apenas a natureza humana, mas a própria Natureza, as obras criadas, o Universo: “E a Adão disse: Visto que atendeste à voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa [...] Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo” – Gênesis 3.17-18.
Daí não causar espanto a declaração do profeta Jeremias, cujo ofício profético foi desenvolvido nos idos de 627 a 587 a.C.: “Até quando estará de luto a terra, e se secará a erva de todo o campo? Por causa da maldade dos que habitam nela, perecem os animais e as aves; porquanto dizem: Ele não verá o nosso fim” – Jeremias 12.4.
Somente a partir do conhecimento de Deus, revelado nas Sagradas Escrituras e operado pelo Espírito Santo, é que o homem regenerado experimentará uma verdadeira revolução no conhecimento que tem de si mesmo, com repercussões morais e espirituais que lhe permitirão enxergar, compreender o mundo espiritualmente, levando-o a viver uma vida que glorifique a Deus.
Os principais temas da Rio + 20 são: “Uma economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e “O quadro institucional para o desenvolvimento sustentável”, temas de reflexão quanto ao futuro do mundo, quanto à proteção ao meio ambiente, quanto à justiça social e à pobreza.
Contudo, a menos que o âmago da questão seja alcançado e tratado – “Por causa da maldade dos que habitam nela, perecem os animais e as aves; porquanto dizem: Ele não verá o nosso fim” – Jr 12.4, tudo não passará de medidas paliativas, casuísticas, atendendo interesses outros, que não o bem da sociedade humana, em sua essência.
De certa maneira, a Rio + 20 busca encontrar o caminho para a “redenção” do meio ambiente, da criação, que na linguagem paulina é assim referida: “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” – Romanos 8.19-22.
Diferentemente do pensamento agostiniano, segundo o qual o pecado original é uma privação do bem, o reformador João Calvino entende o mesmo como uma fonte contínua de mal, o que é consentâneo com o entendimento de Jeremias: “Por causa da maldade dos que habitam nela, perecem os animais e as aves; porquanto dizem: Ele não verá o nosso fim”.
À indagação de Jeremias – “Até quando estará de luto a terra...?” - o apóstolo Paulo responde: a criação será redimida do cativeiro da corrupção quando da revelação dos filhos de Deus, ou seja, quando Deus cumprir suas promessas de absoluta redenção, quando o Senhor Jesus Cristo voltar e nós, que temos as primícias do Espírito, formos adotados definitivamente como filhos e experimentarmos a redenção do nosso corpo, conforme Romanos 8.19-23.
Façamos nossa parte, nós que conhecemos a Deus e obedecemos a Deus. Sejamos cidadãos conscientes e responsáveis sabendo, entretanto, de onde virá o socorro, a redenção, a salvação, a resposta definitiva e absoluta.
Vivamos no presente século “esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” – 2 Pedro 3.12-13.
Com esperança naquele que é Fiel.
Rev. Claudio Aragão da Guia
Wilson Plaza
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