sábado, 1 de outubro de 2011

Pare e Pense!


                         “Como Zaqueu, eu quero subir o mais alto que eu puder...”

Primeira pergunta para reflexão: Zaqueu, quando subiu na figueira, era um seguidor de Jesus, um verdadeiro adorador?
Resposta: NÃO. Ele era um chefe dos publicanos, desobediente a Deus e corrupto (LC.19.1- 10). Nesse caso, como um crente em Jesus Cristo, liberto do poder do pecado, pode ainda desejar ser como Zaqueu, antes de seu maravilhoso encontro com Jesus?

Segunda pergunta para reflexão: Por que Zaqueu subiu naquela árvore? Ele estava sedento por salvação? Queria, naquele momento, ter comunhão com Jesus?
Resposta: NÃO. A palavra de Deus afirma: Entrando em Jericó, atravessava Jesus à cidade. Eis que um homem, chamado Zaqueu, maioral dos publianos e rico, procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por ser ele de pequena estatura. (LC.19.1-3). Ele não subiu na figueira porque estava desejoso de ter comunhão com Jesus, mas porque estava curioso para vê- lo.


Terceira pergunta para reflexão: O verdadeiro adorador deve agir como Zaqueu, ou como o salmista, que, ao demonstrar o seu desejo de estar na presença de Deus, afirmou: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?’’(SL.42.1,2) Será que o pecador e enganador Zaqueu tinha a mesma sede do salmista? Por que um verdadeiro adorador desejaria ser como Zaqueu?

Mas o “hit evangélico” continua...
“Só pra te ver, olhar para ti e chamar sua atenção para mim”.

Quarta pergunta para reflexão: Será que precisamos subir o mais alto que pudermos para chamar a atenção do Senhor? Zaqueu, segundo a Bíblia, subiu na figueira por curiosidade. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa” (LC.19.5). Observe que não foi Zaqueu quem chamou a atenção de Jesus. Foi o Senhor quem olhou para cima e viu aquele pecador perdido e atentou para ele. (Mt.9.36) A atitude de Zaqueu que nos serve de exemplo não foi o subir, e sim o “descer’’ para atender o chamamento de Jesus: “Ele desceu a toda pressa e o recebeu com alegria” (Lc.9.6). Mais uma pergunta? O adorador, salvo, transformado, precisa subir para chamar a atenção de Jesus? Resposta: Não. Na verdade, o Senhor está com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos. (Is.57.15) Espiritualmente falando, ele atenta para quem desce, e não para quem sobe. (Sl 138.6 e Lc.2.30)

Quinta pergunta para reflexão: Se a atitude que realmente recebe destaque, na história de Zaqueu, foi a sua descida, por que a canção enfatiza a sua subida? O mais lógico não seria cantar “Como Zaqueu, eu quero descer”? Afinal, como diz uma frase, o Senhor Jesus morreu para tirar os nossos pecados, e não a nossa inteligência.
A composição não é de todo condenável, pois o adorador que se preza deve mesmo cantar: “Eu preciso de ti, Senhor. Eu preciso de ti, ó Pai. Sou pequeno demais, me dá a tua paz”. Mas, a frase seguinte provoca outra pergunta para reflexão: “Largo tudo pra te seguir”. Estamos mesmo dispostos a largar tudo para seguirmos ao Senhor? E mais: É preciso mesmo largar tudo para segui-lo?

O que o Senhor Jesus nos ensina, em sua Palavra? Mateus Ele disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga- me”. Renunciar não é, necessariamente, abandonar, largar, mas pôr em segundo plano. A própria família pode ser um obstáculo para um adorador. Deve ele, nesse caso, largá- La, abandoná-la? Claro que não! Renúncia equivale a priorizar uma coisa em detrimento de outra.

Não precisamos largar a família, o emprego, etc. Para seguir o Senhor! Mas precisamos considerar essas coisas secundárias ante a relevância de priorizar a comunhão com Jesus. Nesta última passagem vemos que o adorador deve amar prioritariamente o Senhor Jesus, mas sem abandonar tudo para segui-lo! Não confundamos renúncia com abandono. O que devemos larga para seguir a Jesus Cristo é a vida de pecado, e não tudo.

A canção continua: “Entra na minha casa, entra na minha vida”. O compositor se refere a Zaqueu, mas não foi este quem convidou o Senhor para entra em sua casa. Na verdade, foi Jesus quem lhe disse: “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa” (Lc.19.5). Nota-se, pois, que esta parte da canção não é cristocêntrica, e sim antropocêntrica. Mais uma pergunta para reflexão: O hit em apreço prioriza a obra que Jesus faz na vida do pecador, ou dá mais atenção ao que o homem, o ser humano, faz para conseguir o que deseja? A canção enfatiza a Ajuda do Alto, ou a autoajuda?

Sexta pergunta para reflexão: Um verdadeiro adorador, um servo de Deus, alguém que louva a Jesus de verdade, que canta louvores ao seu nome, não é ainda uma habitação do Senhor? Por que pedir a ele que entre em nossa casa e em nossas vidas se já somos morada de Deus. (Jo.14.23 e 1Co.6.19,20).

A parte mais contestada da composição em apreço sinceramente não me incomoda muito. “Mexe com minha estrutura, sara todas as feridas” Que estrutura seria essa? O salmo 103.14 diz: “Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó”. Deus, é claro, que nos conhece profundamente. Ele conhece a totalidade do ser humano. Creio que o compositor tomou como base o que aconteceu com Zaqueu. O seu encontro com o Senhor mudou a sua vida por completo, “mexeu com sua estrutura”. Deus faz isso na vida do pecador, no momento da conversão, e continua a transformar os salvos, a cada dia. (2Co.3.18).

Quanto a sarar feridas, o Senhor Jesus de fato nos cura interiormente. Mas não pense que estou aqui defendendo a falsa cura interior, associada à regressão psicológica, maldição hereditária, etc. Não! O Senhor Jesus, mediante a palavra de Deus e a ação do Espírito Santo, cura os quebrantados de coração, dando lhes uma nova vida. (Lc.4.18 e 2Co.5.17).                                                                                                                                                                                                                                      
Deus, a cada dia, nos ensina a ser santos, em sua Palavra (Hb e 1Pe.1.15-25). Além disso, Ele é, sem dúvidas, o que temos de mais precioso mesmo e, por isso, devemos amá-lo acima de todas as coisas. Diante do exposto, que os pecadores, á semelhança de Zaqueu, desçam, humilhem-se, a fim de receberem a gloriosa salvação em Cristo. E quanto a nós, os salvos, os verdadeiros adoradores, em vez de subirmos o mais alto que pudermos, que também desçamos a cada dia, humilhando-nos debaixo da potente mão de Deus (1Pe 5.6), a fim de que ele nos ouça e nos abençoe (2Cr.7.14,15).
AMÉM..

Diz ainda a canção: “Me ensina a ter santidade, quero amar somente a ti, porque o Senhor é o meu bem maior, faz um milagre em mim”...

 

Sem comentários:

Enviar um comentário