sábado, 8 de outubro de 2011

Livre arbitrio é Bíblico?


Eu ouvi um arminiano dizer: "certos irmãos predestinalistas tem zombado de quem crê na doutrina do livre-arbítrio", que "o que eles mais gostam de fazer é ridicularizar os seus irmãos" e que eles chegam ao ponto de crer mais em Calvino que no Senhor Jesus. Creio que esse imão foi infeliz no seu comentário. Generalizações são sempre ruins, pois há excesso e derespeito de ambos os lados mas não representam os santos que tem discordado amorosamente, buscando na Palavra de Deus uma compreensão mais clara sobre esse importante tema.

Diz: o irmão arminiano "Você nao intende o livre arbitrio ? Mas ele é Bíblico!" e afima ele mais ainda o livre arbitrio é uma verdade bíbliocêntrica e cristalina. São afirmações fortes, e grandes declarações requerem provas robustas. Mas antes mesmo de considerar as provas apresentadas, convém deixar claro que o livre-arbítrio não é e nunca foi uma verdade central na escritura. Cristo é o centro da Bíblia, e se fôssemos comparar, a doutrina da soberania divina é sim presente na Bíblia, de Gênesis a Apocalipse. O termo livre-arbítrio, um sinônimo ou mesmo a idéia de livre-arbítrio jamais ocorre na Bíblia.

O arminiano diz: Foi Deus quem dotou o ser humano da livre-vontade (G.3) Sim eu concordo com ele aqui, aliás todos os calvinistas que eu conheço creem que o homem foi dotado de livre arbitrio na criação.

O debate começa quando um arminiano diz: "Mesmo depois da queda, o ser humano continuou com seu livre arbitrio". Ai o arminiano cita o texto de Dt 30.19 e Is 1.18,19 antes de analisar esta declaração, covém definir o que é o livre arbitrio e o que não é.

Livre-arbítrio é a capacidade de todo pecador de escolher igualmente entre a salvação e a perdição, entre crer e descrer de Cristo. Não creio que o homem tenha essa capacidade.  Mas livre-arbítrio não é, como confundem alguns, vontade, liberdade ou escolha. Não negamos que o homem tenha vontade, apenas que essa vontade seja naturalmente boa e livre. Não negamos que o homem seja livre, no sentido de que toma decisões livremente, de acordo com a sua natureza; apenas afirmamos que sua natureza está corrompida pelo pecado e por isso não decide em favor de Deus. E, finalmente, não negamos que o homem faça escolhas, mas discordamos que tenha poder de fazer boas escolhas espirituais.Ou seja estou afirmando que essa incapacidade absoluta do homem é suplantada pela graça invencível do Senhor.

Tendo isso em mente vamos entender o texto de Dt 30.19 que diz: " Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência..."

A passagem acima não ensina que o homem tem capacidade de fazer uma boa escolha espiritual, apenas que uma escolha foi posta diante dele. E o que eles escolheram? A história comprova que eles, escolhendo livremente de acordo com sua natureza caída optaram pela morte e maldição. Deus, que não precisa do testemunho da história, já sabia disso, pois disse a Moisés poucos versículos adiante:
"Disse o Senhor a Moisés: Eis que estás para dormi com teus pais; e este povo se levantará, e se prostituirá, indo após deuses estranhos na terra para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a aliança que fiz com ele". (Dt 31.16)

Deus não botava muita confiança no livre-arbítrio daquele povo. Moisés também não, pois acrescentou, dirigindo-se ao povo "Porque conheço a tua rebeldia e a tua dura cerviz. Pois, se, vivendo eu, ainda hoje, convosco, sois rebeldes contra o Senhor, quanto mais depois da minha morte?" (Dt 31.27)

Diante de uma escolha, sem nenhuma coerção externa, decidindo de acordo com sua natureza, o povo escolheu pecar. Isto prova um livre-arbítrio capaz de escolher o bem? De jeito nenhum, se prova algo, prova exatamente o contrário.

E o texto de Isaías 1.18,19 que diz: "Vinde, pois, e arrozoenmos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escalarta, eles se tornarão brancos como a neves; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.
Se quiserdes e me ouvires, comereis o melhor desta terra".

Em primeiro lugar, notemos que o versículo fala apenas que aquele que for, quiser e ouvir terá perdão de pecados e comerá do bem da terra. Nada diz sobre uma capacidade inata de ir, querer e ouvir. Outras partes da Bíblia mostram que o pecador não tem essa capacidade em si mesmo.

Mas o mesmo capítulo faz uma descrição do pecador que longe de retratá-lo com capacidade plena de escolher entre uma opção e outra, o mostra como incapacitado pela enfermidade do pecado. Nas palavras do Senhor "Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia? Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo". "Desde a planta do pé até á cabeça não há nele cousa sã, sendo feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo". (Is.1.5,6) Se alguém disser que essa condição dele é apenas física e que espiritualmente ele está capacitado a fazer boas escolhas, então o Senhor diz, no mesmo capítulo "O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende".

Se o homem nessa condição tem livre-arbítrio, muito mais o tem bois e jumentos, pois estes conhecem o seu dono, já o pecador não tem conhecimento nem entendimento que o capacite a fazer uma escolha pelo Senhor.

 

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