quarta-feira, 12 de outubro de 2011


No cárcere, sentenciado pelo Papa a ser queimado vivo, Jan Huss disse: “Podem matar um ganso (na sua língua, ‘huss’ é ganso), mas daqui a cem anos, Deus suscitará um cisne”. Esse cisne era Lutero Um frade agostiniano relativamente jovem atravessou a passos largos a praça de Wittenberg em uma manhã outonal de 1517. A cadência firme dos seus passos não deixou de chamar a atenção dos que transitavam, uns a passeio, outros a trabalho como o vendedor de frutas e o artesão que trabalhava ao ar livre. O frade cruza a praça com firmeza em direção à Catedral, em cuja porta de mogno fixa um cartaz contendo uma Convocação para um Debate.

Suas 95 teses, uma firme contestação ao abuso clerical na venda de indulgências. Com este simples gesto, naquele longínquo 31 de outubro, o monge alemão Martinho Lutero iniciou uma revolução que sacudiu a Europa e lançou os alicerces da Reforma Protestante, mas a verdadeira revolução havia acontecido anos antes, nos primeiros anos da sua formação sacerdotal, quando ganha uma Bíblia de presente do seu mentor espiritual, João Staupitz, vigário-geral dos agostinianos, onde leu o trecho de Romanos 1:17, que mudou para sempre sua maneira de compreender a fé cristã: “O justo viverá pela fé”.

Esta expressão, que foi central na pregação de Lutero e do apóstolo Paulo de Tarso, merece ser revisitada agora, quando a Reforma Protestante completará 494 anos. E nos remete ao tempo em que foi ouvida pela primeira vez, por volta do ano 600 a.C, em resposta a uma oração do profeta Habacuque, testemunha de um dos períodos mais críticos da história de Judá. Com o sistema legal arruinado, a injustiça social e a iminência de uma invasão da Assíria, levaram o profeta a proclamar: “Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: violência! E não salvarás?”. (Hc 1:2)


O desabafo de Habacuque ecoou no coração de Lutero quando via o deprimente espetáculo da venda de indulgências pelo frei João Tetzel na Alemanha. E agora, quase meio milênio depois, quando muitos pregadores ‘evangélicos’ negociam as bênçãos e os favores de Deus conforme o vulto da oferta financeira dos fiéis, muitos cristãos, anelando pelo Cristianismo bíblico e verdadeiro, se questionam: “Até quando?”. Muitos já nem esperam mais pela resposta de Deus a esta pergunta, e há muito deixaram de acreditar na igreja como instituição. São pessoas que amam a Jesus, mas não querem mais nada com a Igreja.

Após pronunciar sua oração, Habacuque foi para a torre de vigia, esperar a resposta de Deus. Não tomou nenhuma atitude insensata, não agiu por impulso. E a resposta de Deus ao profeta, dizendo que “o justo viverá pela fé”, ecoa ainda pelos séculos, ressoada pela pregação do apóstolo Paulo aos gentios e pela coragem de Lutero na Alemanha. As dificuldades não poderiam mais ter poder para desanimar o profeta.

O livro de Habacuque termina com uma linda canção de louvor: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento, todavia eu me alegro no Senhor e exulto no Deus da minha salvação” (Hc 3:17-18). Ao redor, a situação continuava praticamente a mesma, mas a maior mudança havia acontecido no coração do profeta, que não mais permitiu que as circunstâncias destruíssem sua confiança em Deus. Ao encontrar a fé, Habacuque recuperou a narrativa sobre si mesmo.

Na história de LUTERO também termina com uma canção "CASTELO FORTE É NOSSO DEUS" (HN 155) esse grande movimento que foi produzido pela graça de Deus. Que tocou o coração de outro grande Reformador Protestante chamado Calvino.

Calvino foi aquele que sistematizou o pensamento teológico protestante reformado. Sua dedicação á causa do evangelho é simplesmente insuperável, sua contribuição Teológica foi maravilhosa com suas Instituição ou Instituta da Religião Cristã foi algo maravilhoso que aconteceu no Mundo.

Segundo um pensador francês, Calvino deve ser considerado o "pai de uma civilização" o Teológo Karl Barth falando a respeito de Calvino disse: "Eu poderia feliz e proveitosamente assentar-me e passar o resto de minha vida ouvindo calvino pregar".

Esses dois grandes homens de DEUS deram suas vidas pelo amor do evangelho da graça.

Textamento de Joao Calvino antes de sua morte.

Em primeiro lugar, dou graças a Deus, não só porque teve compaixão de mim, uma pobre criatura sua, ao tirar-me do abismo da idolatria no qual eu estava atolado, de modo a guiar-me para a luz do seu evangelho e tornar-me um participante da doutrina da salvação, da qual eu era inteiramente indigno, e continuando em sua misericórdia, Ele tem me suportado em meio a muitos pecados e oscilações, que eram tais, que eu bem merecia ser rejeitado por Ele uma centena de vezes – mas pelo contrário, Ele estendeu-me a sua misericórdia para que eu e meu labor pudéssemos conduzir e anunciar a verdade do seu evangelho; protestando que é meu desejo viver e morrer nesta fé, a qual foi-me conferida, não possuindo outra esperança, nem refúgio, exceto em sua gratuita adoção, sobre a qual toda a minha salvação está fundamentada; abraçando a graça que Ele tem-me entregue, em nosso Senhor Jesus Cristo, e aceitando os méritos da sua morte e sofrimento, de modo que, por estes meios, todos os meus pecados estão sepultados; e orando-lhe para lavar-me e purificar-me pelo sangue deste grande Redentor, que foi derramado por nós, pobres pecadores, que eu possa comparecer diante de sua face, carregando a sua imagem tal como ela era.

Esta é minha oração sobre a igreja contemporânea. Muitos são os desafios, mas se continuarmos crendo que “o justo viverá pela fé”, como Habacuque, Paulo e Lutero, Calvino teremos o poder de Cristo Jesus para transformar as circunstâncias. 
 

                                                Que Deus nos abençoe!

                            494 ANOS DE REFORMA PROTESTANTE

WILSON PLAZA

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